06/12/2010

A salvação

Quando ela bateu o pé e disse “que ficaria com ele não importasse o quê;” não entendi de imediato o que ela estava realmente sentindo. O que ela tinha visto nele, como o escolheu no meio de tanta (ou nem tanta) gente.

Depois de um tempo sozinha (não vale dizer quanto), é comum deixar a ansiedade tomar conta de você. Comum não quer dizer que seja certo, mas já vi acontecer, e acho que é o que tem acontecido.

Imagine-se num cômodo fechado, em meio a pessoas que você conhece e desconhece, com caras boas e ruins. Todos passam por você, alguns te olham e até conversam, mas ninguém se arrisca a te tirar de lá, simplesmente porque não querem.

Certo. Você não é bobo, você tenta, e tenta, e tenta, mas nada muda. Você está preso lá e não consegue sair.

E aí você cria expectativa, monta táticas, estratégias, procura defeitos, analisa cada passo, ganha força e confiança pra tentar de novo. Foca no “É hoje” que eu saio daqui, mas você volta do mesmo jeito que foi, sem sucesso. (Barra!!!)

Eis que de repente alguém novo lhe dá mais atenção que os outros. Você não pensaria duas vezes, pensaria? Mesmo sem saber quem ele é, o que ele faz, o que pensa ou o que quer de você, você deixaria essa oportunidade passar? Ou agarraria com todas as forças como uma forma de salvação?

Eu acho que foi assim que ela se sentiu quando ele apareceu. Isso pode dar certo, mas também pode dar tudo errado. (Não gosto nem de imaginar como seria cair deste cavalo).

A ansiedade fala muito mais alto. E a gente mete os pés pelas mãos, fala o que não deve, age diferente de sua própria essência, faz coisas que... Enfim, tem um pouco de desespero nisso. (Mas como não ter?!)

E aí quando esse suposto salvador se aproxima, está tudo tão nebuloso e confuso que seu futuro inteiro passa diante de seus olhos, como se fosse possível premeditá-lo. Inútil, uma viagem, eu sei. E frustração vem em seguida, claro.

E aí você pondera coisas que não fazem diferença naquele momento. Antes você só queria sair dali. Agora somente sair é pouco, você quer saber o que vem depois. (E depois pode ser mais um cômodo sem saída)

A culpa não é sua, na verdade ninguém tem culpa, só essa maldita ansiedade.

“Não ponha a carroça na frente dos bois”.

Um comentário:

  1. O erro é justamente colocar o outro como "salvador" e não na ansiedade em si... quando colocamos no outro ou em relacionamentos tanta expectativa só podemos nos deparar com a frustração... o que é importante é o que está por trás da ansiedade, que é o velho modelo de felicidade no outro.

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