29/10/2009

Sonhos

Há algum tempo isso me veio no pensamento: “E se nunca acontecer pra mim? E se essa foi a minha última chance de ter um relacionamento e um casamento?” Não! Não me entendam mal. Se eu tiver que ficar sozinha, ficarei. Darei um jeito de viver minha vida como sempre vivi e como tenho vivido. No entanto, tirei meu pensamento dos meus ombros e foquei um minuto em pessoas que estão a minha volta. Ou melhor, bem perto. Pessoas que eu tenho certeza que fizeram planos pra mim, no meu lugar. Pessoas que se imaginaram me guiando pelo corredor de uma igreja. Pessoas que estão guardando um par de brincos para usar no dia da cerimônia. Pessoas que estão esperando ter netos, bisnetos, sobrinhos. Pessoas que sonham em ver uma linda mulher num vestido longo coberto com um véu branco. Pessoas que eu amo, e que me amam também. São expectativas que foram criadas ao longo da minha vida, provavelmente desde quando eu era bebê. E que talvez eles desejem tanto ou mais do que eu mesma. Como será que eles enxergam tudo isso? Como um fracasso? Um desapontamento? Não sei. No fundo, sinto-me como se os tivesse desapontado. Apesar de saber que eles me apóiam em tudo o que eu decido. Mas tenho medo. Quanto mais o tempo passa, mais temo não poder dar-lhes esse sonho tão merecido. A vida é cruel, as pessoas vão embora. E um deles eu já perdi. ...

25/10/2009

Um Gato

Ah! Agora sim. Agora eu compreendo tudo. Você sabia desde o primeiro momento, não sabia?! Como eu não pude enxergar? Você fazia toda aquela cena! Sentava entre a gente, sempre interrompendo. Eu achava que você queria atenção ou que estava com frio, mas não! Você queria mesmo que eu me afastasse dele, sabia que não ia dar certo. Agora entendo todas aquelas caretas estranhas que você fazia quando ele chegava. Eu achava que eram por causa das brincadeiras bobas, mas a verdade é que você nunca realmente gostou dele. Ou melhor, você até gostava dele, mas sabia que ele não era pra mim. Tomava banho toda vez que ele te encostava. Só podia ser repulsa! Mas é claro! “O que ela está fazendo com ele?”, você provavelmente indagava. Quando ele foi embora, apesar da situação, você sabia que eu ficaria triste e veio me confortar. E eu, uma boba, olhei pra você com todo um pesar e disse “sinto muito meu lindo, ele não vai mais voltar e a culpa é minha”. E você estava lá, firme, forte, tranqüilo, segurando a barra, mas no fundo estava mesmo é respirando de alívio, no maior estilo “até que enfim!”. Então você virou o rei da casa. Dormiu comigo por semanas. Me fez companhia até onde seus limites te impediam. Me ofereceu carinho, calor, diversão, carinhas de compaixão e algumas mordidas esporádicas para que eu me lembrasse que ambos estávamos vivos. Você se divertiu muito nessa época, não é?! Como você é esperto. O que você não esperava era que eu fosse sumir por um mês inteiro. E eu paguei caro. Quando retornei, você me recebeu com pouco-caso. “Eu fiz tudo aquilo por você e você me larga aqui?”, devia passar pela sua cabeça. Orgulhoso. Não quis me dar atenção. Fingiu que eu não existia e que não tínhamos uma história juntos. Passamos um longo tempo assim. Com poucas palavras, ou quase nada. Até que uma tarde você me viu com um semblante diferente. E você conhecia todas as minhas feições, sabia que alguma coisa tinha acontecido. Sem perguntar, você pulou em meu colo, olhou em meus olhos e tenho certeza que se você fosse gente teria me abraçado. Na verdade você me abraçou, do seu jeito. Ficamos ali juntos e contei não só o que tinha acabado de acontecer, mas também tudo que havia acontecido nesse tempo de desencontro. E você me ouviu. Sem pressa, apenas me ouviu... Como é bom ter alguém que nos ouça. É fato que depois disso nos entendemos e você voltou a ser o rei. Mas é assim que os gatos vivem comigo, como reis mesmo... “Os gatos não querido, só você, só tem você viu... Não me arranha Thunder, assim você me machuca... pára gato, não vou te dar leite hoje hein... Thunderrrrr...!! ...

20/10/2009

Zerei

Após certa idade, é comum adotarmos o seguinte discurso em nossa vida pessoal, profissional e familiar: “Quanto mais velho, mais experiente, e quanto mais experiência, melhor”. Nunca ouvi ninguém discordar de que ser experiente é saber avaliar com mais atenção os problemas de todo dia. No entanto, após uma observação talvez um pouco ingênua, decidi tentar provar o contrário. Nem sempre ser experiente é bom. Tenho enxergado a experiência como uma bagagem que carregamos conosco ao longo da vida. Quanto mais se vive, maior ela fica. O que não percebemos é que às vezes essa bagagem começa a pesar em nossos ombros. E esse peso acaba alterando nossa maneira de pensar e mudando nossas atitudes. Certo. Talvez mudemos pra melhor, mas ainda acredito que ela pode ser, pelo menos um pouco, negativa. Por exemplo, em matéria de relacionamentos, acredito que a experiência pode bloquear ou até intervir. Olha o que fazemos hoje em dia quando conhecemos um novo paquera. Investigamos tudo. Queremos saber se ele tem boas condições de vida, se é realmente solteiro, se tem filhos, onde mora, o que faz, se estudou, se é de boa família, com quem divide o apartamento, quem são os amigos... Enfim... Toda uma lista que mais parece que estamos preenchendo um cadastro para adquirir um novo cartão de crédito. Se bobear, nem o cartão de crédito pede tantas informações. “Não é necessário comprovante de renda...” O que eu quero dizer é que talvez, nessa fase da vida, o amor tenha se tornado um pouco burocrático. Se você analisar, vai perceber que foi muito mais fácil começar o primeiro relacionamento de sua vida do que os posteriores. E ponho a culpa na experiência. Sem experiência eu fico mais leve. Não analiso, não testo, não comparo. E não sou analisada, testada ou comparada. Fico tranqüila. Sem experiência eu não premedito. Só ajo conforme as coisas acontecem e não antes delas acontecerem. Sem experiência não há pressão. Nem do outro com você, nem de si mesma. Sem experiência não há preocupação. Nós temos muito mais medo depois de passarmos por situações em que ele se fez presente. Sem experiência eu sonho mais, aproveito mais e por tanto, sou mais feliz. Para terminar, deixo meu último argumento em forma de pergunta: “Como dar início ao futuro, com o pé preso ao passado? É isso... Eu... zerei. ...

15/10/2009

Versinho

"Não dá pra viver e explicar ao mesmo tempo"
Carlos Wizard
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Feita(o) pra homens

Imagine um dia em que tudo está bem. Você está linda, o dia está lindo, fresquinho. Na arrumação para o trabalho você vê a grande oportunidade de usar aquele sapato novo que comprou há alguns dias. Você sabe que ele vai apertar um pouquinho, mas é normal. Sem problemas! Então, você começa a fazer sua habitual caminhada para o serviço. Nada poderia estragar o seu dia... Quase nada. À medida que você anda, repara que logo a frente seu vizinho resolveu madrugar e quebrar a calçada. Enquanto se aproxima você calcula mil maneiras para não pisar naquele espaço. Mas não tem jeito. Em segundos, você está em cima de pedrinhas e areia fofa. Você aperta os olhos no intuito de fingir que aquilo não está acontecendo, mas já foi. O sapato foi batizado, sujou e se bobear, lascou. Você respira... Se abaixa mais ou menos para tirar a poeira, mas segue em frente, vai ter que esperar chegar ao escritório para limpar direito. Eis que mais a frente, você é obrigada a caminhar por uma calçada feita de pedrinhas portuguesas, uma idéia charmosa do novo prefeito. O que não é tão charmoso é o fato das pedrinhas serem estranhamente, senão, propositadamente, mal colocadas, deixando pequenos espaços entre cada uma delas. Resultado?! Você sente o salto estreito do sapato agarrando em um dos vãozinhos e... Você está presa ao chão! A raiva sobe... Você transpira... Xinga alguns nomes em silêncio... Respira fundo... Mas você não vai fazer uma cena. Com toda a sua delicadeza, você consegue retirar o sapato do buraco e não precisa olhar, você sabe que o salto descascou. Pra você, o dia passou de lindo para um inferno. E você nem chegou ao trabalho. “Também... O que mais poderia acontecer?” Respire fundo... Pois você não vai acreditar. Seu circuito a pé é de apenas 10 minutos, mas você ainda precisa cruzar uma linha férrea para chegar a seu destino final. E é exatamente lá que você repara num grupo de homenzinhos de capacetes e blusas laranja carregando pás, carrinhos e outros materiais. O que isso significa? Que o local por onde você pisará está cheio de areia preta, piche e poeira de asfalto. Vencida. Você caminha pelo terreno com todo o cuidado para não levar um tombo e até tenta suavizar os danos ao sapatinho, mas esse, já está de uma cor completamente diferente daquela que você escolheu na loja, e já não combina com o restante do seu modelito. Sua cabeça ferve... Você não consegue pensar em nada... Mas infelizmente consegue ouvir um trabalhador comentar com o outro “nossa, só tem mulher linda nessa cidade”. ...

12/10/2009

O efeito Chocolate

Num desses meus novos fins de semana solitária resolvi parar de bobeira e parar de esperar as amigas quererem sair. Resolvi encarar a vida noturna mesmo sem companhia. Não agüentava mais ficar em casa, assistindo comédias românticas que só me faziam afundar numa fossa sem fim. Dei uma olhada nas opções e decidi ir para uma festa no meu bairro. Eu sei, não era bem uma balada, mas um passo de cada vez, certo?! Além do mais, não precisaria de carro (nem de amigo motorista), não ia parecer tão estranho eu chegar sozinha, a festa tinha música, boa comida e era muito provável que eu encontrasse algum vizinho ou conhecido com quem pudesse papear. As coisas, como você já deve imaginar e como tudo nesse blog, não saíram bem do jeito que eu queria. Rodei pelo salão umas duas vezes e não vi ninguém, nenhum grupinho conhecido com quem pudesse me juntar. No início isso não me chateou. Vi muita gente mais jovem do que eu, se divertindo, vi muitas famílias e muitas crianças. Fiquei contagiada por aquela sensação e fiquei tranqüila. Na maior naturalidade, sentei em uma tenda para tomar um caldo bem quentinho e ver as pessoas passarem. Foi aí que comecei a reparar que as pessoas em volta estavam olhando pra mim, como se eu fosse uma alienígena. Minha reação nessas horas é sempre checar a minha roupa, sou mestre em derramar comida, principalmente caldo. Mas infelizmente, não havia nada, eu estava limpinha. Sim, infelizmente, porque agora só havia um motivo para eles estarem me encarando, era porque eu estava sozinha. Aquilo me consumiu. Como um olhar apenas pode ser tão cruel? Terminei de comer e antes que tivesse uma indigestão saí da tenda e fiquei andando sem rumo pela festa. Não queria voltar pra casa, se eu voltasse era como se eles tivessem me vencido. Porém, não havia mais nada pra eu fazer lá. Se ficasse acabaria invejando a vida dos outros e comendo dezenas de coisas engordativas. ― Engordativas?! Onde será que fica a barraca de doces? Já tinha passado por ela várias vezes, mas quando estamos transtornados não enxergamos nada. Bastou abrir os olhos e levantar o rosto para encontrá-la. A Barraca das Formiguinhas é como um sonho. Colorida, mesa farta, pessoas sorridentes por motivos óbvios: Tortas, pavês, bombons, palha italiana... Chocolate, morango, maracujá, nozes, coco, abacaxi, limão, chocolate, chocolate, chocolate... Uhm... Foi uma boa idéia. ― Uma torta alemã, por favor! ― uma das minhas prediletas, chocolate, com creme e biscoito. Na primeira colherada fechei os olhos para expressar como aquilo estava gostoso. Na segunda, senti um arrepio, uma brisa que corria por dentro do meu corpo. Uma sensação gostosa... Na terceira colherada, senti meu rosto esboçar um sorriso, na quarta eu estava sorrindo e feliz. Extasiada, comecei a olhar em volta. O efeito me caiu como uma droga. Tudo estava bem de novo. Era como se eu tivesse entrado na festa novamente. Terminei meu pedaço de torta e enquanto pagava puxei papo com uma das vendedoras. Um grupo de amigos que ouvia resolveu entrar na conversa e se juntou a nós por alguns minutos. Mudei de barraca em busca de um refrigerante, balançando no ritmo da música que tocava. As pessoas ainda me olhavam, mas desta vez podia perceber que elas comentavam como eu estava bem, e que não ia demorar muito pra alguém vir me fazer companhia. Eu sorria, simplesmente sorria. No fundo, eu sabia que não era o chocolate que tinha me feito mudar de atitude, mas era um delicioso pretexto. ...

06/10/2009

Sete "As"

Auto-avaliação e Aprendizagem A solterice não existe só pra curtir festas e beijar várias bocas descompromissadamente. É preciso tirar um tempo pra si, pra cuidar de si mesma e se auto-avaliar. Refletir sobre as coisas que fez, perceber os erros que cometeu e aprender com eles. Isso nos fortalece, e não nos deixa agir da mesma forma dali em diante. Arrependimento Não deveria haver espaço pra arrependimento. É difícil, eu sei, mas o arrependimento só é valido se você for voltar atrás em suas decisões (e se ainda tiver tempo para voltar e quiser voltar, volte, não há nada errado nisso). Se esse não é o seu caso, lembre-se que arrepender-se gera tristeza, e esse é um sentimento que não deve acompanhar a vida de uma solteira. Faz um mal danado! Absolvição É preciso se perdoar. Antes de seguir em frente, livre-se de toda a culpa e perdoe-se. Adequação Um amigo me disse uma vez, “quando estamos com outra pessoa, esquecemos o que somos e do que gostamos”, e ele está certo. Gastamos muito tempo nos adaptando aos gostos e desgostos dos outros, mas agora é hora de readequar-se. Aproveitar esse tempo para relembrar quem você era e voltar a fazer as coisas que tinha esquecido que eram tão boas. Volte a ser você. Ação Ficar parada não leva ninguém a lugar nenhum. Se você já analisou seus erros, já aprendeu com eles, percebeu que arrepender-se não vale a pena, se perdoou por tudo que fez e já se reencontrou na vida, você está preparada pra seguir em frente e aproveitar. E eu ainda não falo dos beijos e das baladas. Mas aproveitar para agir, se empenhar no trabalho ou mudar de carreira, passar mais tempo com a família, botar em prática metas que antes não conseguia porque dividia seu tempo com outras coisas. Agir em prol de si mesma, ou em prol de outras pessoas, nos faz sentir bem também. Amor Por fim, você está liberada para amar! Está pronta para amar a si mesma, amar sua família, seus amigos, sua nova vida e quem sabe um novo alguém. Ah! As baladas e os beijos já estão liberados... Vá se divertir! ...

04/10/2009

Experimentando

Encontrei com uma amiga para almoçar: ― Minha nossa! Que noite! ― Ela esbanjava um sorriso realmente feliz. ― A noite foi boa? O que aconteceu? ― Eu conheci vários caras diferentes, todos chegaram em mim! ― Uau! Que poderosa! Me conta! ― Foi incrível! Foi maravilhoso! Eram belos, machos, sozinhos, interessantes, lindos... ― Sério?! ― Sério! Só tinham alguns que não eram bem o que diziam, mas acontece. ― Uhm... Mas e aí?! ― E aí que eles não me davam sossego! Queriam conversar, queriam me levar pra um lugar reservado, queriam me conhecer melhor, queriam tudo comigo! ― Como assim tudo?! ― É... Tinham alguns que estavam interessados só nos finalmente. ― Entendi. Mas como foi isso? Um sabia do outro? ― Ah sabia! É normal isso lá! ― Como assim?... ― Ih! Super normal! Todos chegam em todo mundo!... Ai ai... O único problema foi hoje de manhã. ― O que houve? ― Eu não sabia quem era quem. ― O que?! ― Arregalei os olhos de preocupação... ― Sério! Eu não sabia se o belo era o Carlos ou se o sozinho era o César. ― Amiga onde é que você passou a noite? ― Ué, numa sala de bate-papo! ...
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