29/07/2009

Papo de interior

Há pouco voltei de uma viagem a São Paulo. Adoro viajar, conhecer lugares e pessoas diferentes. Mas sempre que vou, sinto tristeza. A tristeza de deixar as pessoas que gosto pra trás. Nem que seja por pouco tempo. E sempre que retorno sinto agonia. Uma agonia que pra mim quer dizer “fica, você não deveria estar indo”. Adoro minha cidade. Nasci, cresci e vivo aqui. Mas apesar de estarmos com quase 200 mil habitantes e dizer que somos modernos, ainda temos cara e espírito de interior. Temos hora pra acordar, hora pra tomar café da manhã, almoçar, jantar e dormir. Temos idade certa pra brincar na rua, idade pra começar a sair, a namorar, idade limite para casar e ter filhos e idade certa pra ser avô. Nossos passos são monitorados, assim como nosso peso, nossas atitudes e palavras. Aos meus 27 anos, na visão interiorana, eu deveria estar casada, com dois filhos, com uma profissão bem resolvida ou então somente cuidando do lar. Tente explicar a eles que você não quer se casar agora, ou que está casada, mas não pretende ter filhos, ou que gosta de almoçar às 4 da tarde e que não se importa que seu cabelo seja roxo. Explique a eles que você é cantor profissional ou então que tem qualquer outra profissão que não seja engenheiro, médico ou advogado. É difícil. Qualquer coisa que saia do padrão numa cidade de interior é taxada pelos seus próprios habitantes. Nem sempre por maldade, eu mesma já julguei e falei dos outros sem entender primeiro. E os questionamentos vêm de todos, não pensem que só dos mais velhos. A verdade é que não sei se meu estilo de vida pertence ao lugar onde moro hoje. Pelo menos tenho meus olhos abertos para enxergar o que tem lá fora. E posso desfrutar desse conhecimento de uma forma positiva. ...

5 comentários:

  1. Muito bom texto. Também moro numa cidade do interior e sei como é, é exatamente assim como você descreveu.

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  2. Fantástico! Isso aqui tá viciando...
    Carolteadorobjomeliga!

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  3. É exatamente assim... E como estou há 4 anos morando em São Paulo, posso dizer que só volto a BM (visitando) por causa das pessoas. Sempre me entristeci com a visão muito limitada dos horizontes que o pessoal de BM tem... (ou será de toda cidade de interior?)

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  4. Eu ja morei em muitas cidades do brasil e digo que discordo do texto.

    Talvez isso seja mais uma coisa de familia.
    A familia de voces devem ser mais conservadores e tradicionais, e o cerco de conhecidos talvez tenham uma mente mais fechada as mudanças do mundo.

    Falo isso com base na minha familia e amigos, vejo que nao é assim, e também com base em comparaçoes com o estilo de vida de outras cidades, incluindo as capitais, rio e são paulo.

    Acho que talvez para as mulheres ainda sim hoje em dia se tem um certo travamento no comportamento da sociedade, mas pelo menos nunca tive o que reclamar da minha cidade!

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  5. Não me entenda mal Mythos! Eu adoro a minha cidade. É só uma questão de observação.

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